terça-feira, 4 de agosto de 2009

Apocalipse - Estudo 5



A Visão do Livro e dos Selos
Apocalipse 5 — 1 Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. 2 Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? 3 Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; 4 e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. 5 Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. 6 Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. 7 Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; 8 e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, 9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. 11 Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, 12 proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. 13 Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. 14 E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.
No Capítulo 4, vimos Deus como Criador de todas as coisas e, agora, no cap. 5 lemos a continuação da visão que João teve da santidade e da glória de Deus...
Reparem que essa visão da glória de Deus não muda, continua a mesma, porque Deus é imutável. Tg 1:17 nos diz que em Deus – ... não pode existir variação ou sombra de mudança. Ou seja, Deus é eternamente o mesmo...E isso é um consolo para nós que vivemos num mundo cheio de variações, num mundo cheio de mudanças, ao ponto da filosofia afirmar que a nossa única certeza é a certeza da mudança...
Na visão que se segue, João vê um livro seguro pela destra daquele que está sentado no trono. (AP 5:1) — Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos.
Reparem também que, nesse cap. 5, a visão de João é muito ampliada. Ele vê agora um livro, isto é, ele vê um rolo, porque naquela época não existiam livros como os conhecemos hoje. Havia, sim, rolos de papiro...
Nesta nova seqüência de visões de João, Deus é apresentado como Redentor, e João vê o rolo na mão direita daquele que está assentado no trono.
Reparem que tudo o que está à direita de Deus está relacionado com a REDENÇÃO e com a Salvação. Deus separa os cabritos da ovelhas, como lemos em Mt 25:33 — e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; — e diz, no v.34, aos que estão à direita — Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. – e no v.41, aos que estão à esquerda o Senhor diz — Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
Além disso, reparem, o próprio Senhor Jesus está assentado à direita da Majestade de Deus... porque é na mão direita que está a força. Assim, o livro que João vê está na mão direita de Deus...
Reparem que o livro está escrito por dentro e por fora, e está selado com sete selos. Uma das possíveis interpretações para o significado do livro sugere que ele trata do destino dos homens. Mas, será que é isso mesmo? Vamos analisar...
Quando lemos todo o cap. 5, percebemos que este rolo, na mão direita de Deus, deve ser algo de extrema importância. Este rolo é tão extraordinariamente importante que o Cordeiro de Deus é levado a agir, tomando o rolo das mãos de Deus, como está no v.7 — Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono;
Este gesto do Senhor Jesus tem como conseqüência que os 24 anciões e os 4 seres viventes se prostram diante do Cordeiro, como podemos ler no v.8 — e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, — e entoaram Novo Cântico, dizendo (v.9-10) – Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
Reparem, também, que ninguém mais é digno de abrir aquele rolo especial, conforme está no v.3 – Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele;
Somente este fato já nos leva a perguntar: — O que será que esta escrito nesse livro, nesse rolo??? Será que ele contém a História da Criação do Mundo??? Claro que não! E por que não??
Simplesmente, porque se assim fosse, não haveria ordem na seqüência divina de toda a visão. Reparem que no 4:11 nós vimos que Deus é adorado como criador de todas as coisas... está assim — Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.
Ora, se o livro tratasse da criação, não seria apropriado, não seria adequado e estaria fora de ordem apresentar o Cordeiro de Deus, No entanto, é disso que trata o rolo... Por quê? Porque o próprio Cordeiro, o Senhor Jesus, é a revelação de Deus. Jo 1:18 diz assim: – Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.
E o próprio Senhor Jesus diz em Jo 14:9 – ...Quem me vê a mim vê o Pai;
Também, se imaginarmos que o livro se refere à Redenção, de uma coisa podemos ter certeza: NÃO SE TRATA DA REDENÇÃO REALIZADA NA CRUZ DO CALVÁRIO.
Ou seja, não se trata da experiência pessoal da redenção que o crente obteve com a Nova Aliança... Não, não é isso! Essa experiência pessoal de cada um de nós está baseada no ato do Senhor Jesus que, como Cordeiro de Deus, derramou o seu sangue precioso na Cruz, para nos lavar de todo o pecado.
Mas, não é disso que o rolo trata... O rolo é a respeito da REDENÇÃO, mas num outro sentido. Esse rolo fala do DIA DA REDENÇÃO que está adiante de nós... que está, portanto, no futuro, ou seja, o rolo fala do Dia da Volta do Senhor Jesus.
É preciso salientar esse ponto. A Redenção na Cruz não tem efeito somente para a nossa vida neste mundo, isto é, para a nossa situação atual.
O apóstolo Paulo, em 1 Co 15:19, diz assim: — Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.
É claro // que a redenção tem efeito para toda a eternidade... tanto para nós como para todo o Universo. Aliás, reparem, os filhos de Deus, ou seja, nós, recebemos do Senhor um penhor para esse dia, conforme está em Ef 1:13-14 — em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 14 o qual é o penhor da nossa herança até ao resgate da sua propriedade ( ou, até ao Dia da Redenção), em louvor da sua glória.
Logo, essa Redenção é a redenção futura... A redenção através de Jesus é uma força viva, uma força que dá vida, uma força que se estende a todo o futuro que está diante de nós. Um futuro sobre o qual o Senhor diz em 21:5 — ...Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
É verdade que essa redenção futura tem suas raízes no passado, lá na Cruz do Calvário, onde todos os crêem são salvos. Entretanto, esse resultado da redenção ainda é pequeno, se compararmos com aquilo que se torna visível na Redenção que irá se consumar no futuro. Em Hb 9:12, a Escritura se refere a essa redenção como ETERNA REDENÇÃO.
É interessante observarmos que, em Lc 21:1-27, o Senhor Jesus faz um sermão profético, dirigindo-se primeiramente a Israel (pedir a alguém que leia). Agora, reparem, repentinamente, no v.28, o Senhor Jesus fala a todos os que crêem Nele, dizendo — Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.
Essa é a Redenção Futura, a redenção sobre a qual o rolo que estamos analisando fala...
Assim, esse rolo não é o Livro da Vida sobre o qual o Apocalipse e outros livros da Bíblia se referem. Sobre o Livro da Vida iremos tratar mais pra frente...
O rolo, que se encontra na mão direita daquele que está assentado no trono, é o TESTAMENTO DE DEUS E DO CORDEIRO.
Testamento é uma palavra que significa vontade final, ou última vontade. Em relação a Deus, é claro que não se trata de sua última vontade, porque Deus não morre, Deus é eterno. Assim, o rolo trata da vontade soberana de Deus para toda a eternidade.
Agora, como podemos saber que esse rolo contém o TESTAMENTO DE DEUS E DO CORDEIRO??
Vamos ver isso:
1º - O conteúdo do rolo, selado com os sete selos, não permanece oculto porque o v.1 diz que ele está escrito por dentro e por fora...
2º - Os sete selos indicam claramente que se trata de um testamento. Essa representação era muito comum para o apóstolo João... Quando estudamos a História do Império Romano, descobrimos que as leis de Roma, naquela época, eram seladas com sete selos. Deus mostrou, portanto, ao apóstolo, figuras que ele entendia...
3º - Reparem que, ao desatar os selos e abrir o livro, não foi revelado nada de novo. Alguns estudiosos pensam assim mas, no nosso entendimento, reparem, o que estava registrado no testamento tornou-se válido quando os selos foram desatados.
É isso o que acontece com os testamentos... só se tornam válidos quando são abertos... Podemos, ou não, saber o que um testamento contém mas, uma coisa é certa, um testamento só se torna válido quando é aberto, quando são desatados os selos.
Neste cap.5, vemos que ninguém podia abrir o livro, ou seja, ninguém podia abrir o testamento. Ninguém era capaz de conhecer a herança dos santos, conforme está em Cl 1:12 — ...dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz — Muito menos, ninguém era capaz de dar a essa herança dos santos valor legal, isto é, distribuir essa herança.
Aparece, então, um anjo forte e proclama em alta voz como está no v.2b — Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?
Em outras palavras: — Quem é digno de abrir o livro e revelar o propósito de Deus para os homens?
Chegou, portanto, o momento de Deus executar o seu testamento, executar a sua vontade soberana de salvação.
Vamos olhar um pouco para trás. Reparem: Deus já revelou sua vontade de salvação ao Primeiro Adão, no Paraíso. Em Gn 1:27 lemos — Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Qual era então a vontade salvadora de Deus???
Quando lemos a história da criação, vemos que Deus estabeleceu o homem acima de tudo o que tinha sido criado, e vemos também o Senhor disse que tudo era muito bom.
Ou seja, o homem foi colocado como cabeça sobre a herança gloriosa de Deus, sobre a herança incorruptível, sem mácula, herança imarcescível, como diz o apóstolo Pedro em 1 Pe 1:4.
Entretanto, o homem perdeu essa herança por causa do pecado. Com a queda, o homem perdeu a comunhão com Deus e, assim, perdeu a vida eterna... Foi expulso do Paraíso e se tornou um ser errante... é como nos diz Isaias em Is 53:6 – Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho...
A abertura de um testamento é sempre um momento de tensão. E, na situação descrita por João, não é diferente... e essa tensão é até justificada...
Reparem que, quando o anjo pergunta no v.2 – Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? – Não houve resposta, fez-se silêncio... E o v.3 diz — Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele;
Isso significa que ninguém no céu = nenhum anjo; ninguém na terra = nenhum homem; ninguém debaixo da terra = nenhum demônio; ninguém!! Absolutamente ninguém era digno de abrir o livro e olhar para ele...
Nessa situação, há um silêncio na terra e no céu. Ouve-se apenas o soluço de um homem... No v.4 João confessa — e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele.
Agora, reparem, João já havia passado por muitas experiência com Jesus... Ele andou com Jesus, ele ouviu os ensinamentos de Jesus, ele assistiu aos milagres que Jesus fez, ele estava ao pé da cruz e viu Jesus ser crucificado... viu, também, Jesus ressuscitado e viu Jesus subir aos céus numa nuvem...
Ou seja, João havia visto coisas grandiosas. Mas, agora, na abertura do testamento, quando suas esperanças eram maiores ainda, ele ouve que ninguém é digno de abrir o livro e desatar os selos...
É como se o plano da Salvação tivesse sido bloqueado, porque nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o testamento e dar valor legal à herança de Deus e do Cordeiro...
NINGUÉM??? NINGUÉM!! Ninguém além do próprio Cordeiro de Deus! E por quê? Porque agora vem um ancião – um representante da Igreja Glorificada — e diz a João (v.5) — Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.
Ou seja, é revelado a João que o "Leão da Tribo de Judá" abriria o livro. Jesus é o Leão que, na cena seguinte da visão, se transforma no Cordeiro de Deus, como está no (5:6) — Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
O Leão, que representa o absoluto poder e a bravura, se transforma num Cordeiro, símbolo de absoluta bondade. Ele havia sido morto, mas estava vivo. O Cordeiro, está claro, é Jesus Cristo, o Ungido de Deus, o Messias de Israel.
Reparem que o Cordeiro tem sete chifres: pontas ou chifres representam poder... O número sete representa a perfeição... Ele tem também sete olhos, representando os sete Espíritos de Deus, o Espírito Santo perfeito, que vigia em favor do seu povo.
Na cena seguinte, o Cordeiro toma nas mãos o livro. Diz assim o v.7 — Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono...
Somente Ele pode abrir o livro e executar os juízos de Deus sobre os iníquos. Somente Ele salva o povo de Deus.
Há grande alegria e cânticos por parte daqueles que presenciam a cena. Vejamos o que diz os v.8-10 — e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, (9) e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (10) e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
Reparem, portanto, que as quatro criaturas viventes, as quais representam toda a criação, e os vinte e quatro anciãos, que simbolizam os Patriarcas e Discípulos de Jesus, bem como os anjos, se prostram diante do Cordeiro...
A primeira parte do relato se fecha, então, com essa eletrizante cena de certeza de que tanto o presente quanto o futuro estão nas mãos do Cordeiro triunfante...
Esta é uma mensagem de esperança, não só para aqueles cristãos perseguidos pelo Imperador Domiciano, mas, também, para todos os demais crentes em todos os tempos.
Qualquer que for a ameaça, Qualquer que for a luta ou Qualquer que for a provação, Deus não nos abandonará. Ele é o Senhor da História... Amém.

2 comentários:

  1. maravilhoso estudo, interpretação mesmo ungida da parte de deus nosso soberano Pai. Deus continue o a bençoando em nome de Jesus, um dia todos nós compareceremos perante o tribunal eterno, e lá daremos contas a Deus. Que pela tua infinita misericórdia sejamos achados dignos de entrar na glória eterna. Amém a Paz!Miss. Glauro ES Brazil

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  2. aprendi muito .. obrigado pastor por estas palavras ...

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