segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 7


Vimos anteriormente que o homem é totalmente corrupto e que, por isso mesmo, é incapaz de ir a Cristo. Agora, vamos dar continuidade ao estudo, falando sobre A Graça Irresistível...
Jo 6.37- 45 — Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. 38 Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. 39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. 40 De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 41 Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. 42 E diziam: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso, não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu? 43 Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim.
Reparem, se é “Calvinismo extremado” o fato de nós crermos que o homem está “morto em seus delitos e pecados”, conforme Ef 2.1, e que ele é incapaz de vir a Cristo por si mesmo, então, o Senhor Jesus antecedeu em 1500 anos a Calvino com a Sua pregação na sinagoga em Cafarnaum, registrada em João 6 que acabamos de ler.
Nesse texto, temos o Senhor ensinando quase tudo o que é identificado como “Calvinismo extremado”. Jesus ensina que Deus é soberano e age independentemente das "livres escolhas" dos homens.
Jesus, da mesma forma, ensina que o homem é incapaz de ter a fé salvadora, sem a capacitação do Pai. Ele limita este trazer (v.44) aos mesmos indivíduos dados pelo Pai ao Filho.
E Jesus ensina, então, que a graça é irresistível sobre os eleitos (não sobre os “dispostos”), quando Ele afirma que todos aqueles que são dados a Ele, virão a Ele.
João 6:37-45 é, assim, a mais clara exposição na Bíblia do que alguns chamam de “Calvinismo extremado”. Essa pessoas que se dizem livres para escolher ignoram a maioria das passagens bíblicas sobre o assunto e oferecem uma resposta ao versículo 44 que é simplesmente incompreensível.
Além disso João 6:37 é citado algumas vezes, mas nenhuma interpretação é oferecida pelos que crêem na livre vontade do homem.
Existe, entretanto, uma boa razão para essa pessoas tropeçarem neste ponto > NÃO existe nenhuma interpretação não-reformada e significante sobre a passagem avaliada.
Assim, apesar das inúmeras tentativas dos interpretes Arminianos de encontrar um meio de superar esses versículos, nem mesmo uma única solução plausível tem sido oferecida que não requeira um completo desmantelamento do texto.
Ou seja, os arminianos só conseguem isso com uma redefinição das palavras, ou com uma inserção de conceitos extremamente estranhos.
Uma coisa é absolutamente certa > Jesus ensinou a completa soberania da graça às pessoas que estavam reunidas na sinagoga de Cafarnaum, há aproximadamente dois milênios.
Se desejarmos honrar a verdade do nosso Senhor e Cristo, não podemos fazer menos do que isso.
Ouçamos, novamente, Jesus ensinar o “Calvinismo extremado” quase 1500 anos antes de Calvino nascer, nas palavras do evangelho de João.
João 6:37-40 — Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
O cenário é importante > Reparem que Jesus fala a uma multidão reunida na sinagoga de Cafarnaum. Todas aquelas pessoas haviam seguido ao Senhor, depois que Ele as alimentou fazendo a multiplicação dos pães no dia anterior.
Elas estavam buscando mais milagres e mais alimento. Jesus não saciou as suas "necessidades físicas", mas foi diretamente ao assunto importante > quem Ele era e como Ele é o centro da obra de redenção de Deus.
Assim, Jesus se identifica como o "Pão da Vida" (v. 35), a fonte de todo alimento espiritual. "Quem é este homem para falar dessa forma de Si mesmo?", eles devem ter pensado.
Nem mesmo os maiores profetas de Israel instruíram as pessoas a ter fé neles mesmos! Nem mesmo Abraão, ou Isaías, tentou reivindicar ter descido do céu, nem jamais diriam "aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede".
Reparem, portanto, no impacto que essas palavras de Jesus devem ter causado à medida que foram faladas.
O Senhor foi duro com a Sua audiência. Jesus sabia que eles não possuíam uma fé verdadeira. No v.36 Ele diz — Porém eu já vos disse que, embora me tenhais visto, não credes.
Eles tinham visto Jesus com os seus olhos, mas a menos que a visão física esteja unida à iluminação espiritual, ela não será de proveito algum.
Muitas vezes, a importância dessa declaração é negligenciada. O verso 36 é um ponto crítico nessa passagem de João 6. Jesus agora está explicando a incredulidade deles.
Como é que aqueles homens poderiam estar diante do próprio Filho de Deus, o Verbo feito carne, e não crer? O próprio Criador, em forma humana, está diante deles, pessoas que eram versadas nas Escrituras, e aponta para a incredulidade deles.
E Jesus, então, explica por que eles não crêem. É o mesmo motivo pelo qual, hoje, muitos ouvem a Palavra de Deus e não crêem.
No v.37 o Senhor diz — Todo o que o Pai me dá virá a mim. —Essas são as primeiras palavras que vieram de Jesus na explicação da incredulidade do homem.
Esta afirmativa de Jesus é uma da completa declaração da soberania de Deus. Cada palavra nessa frase diz muita coisa.
“Todo o que o Pai me dá”. O Pai dá alguns a Cristo = os eleitos. Os eleitos são vistos como um todo singular, dados pelo Pai ao Filho. O Pai tem o direto de dar uma pessoa ao Filho. Ele é o soberano Rei, e esta é uma transação divina.
Todos os que são dados pelo Pai ao Filho vêm ao Filho. Não alguns, não muitos, mas todos os que o Pai dá.
Todos aqueles dados pelo Pai ao Filho virão ao Filho. É fundamental ver a verdade que é comunicada por essa frase: o ato do Pai dar ao Filho precede, vem antes, e determina a vinda da pessoa a Cristo.
Repetindo, a ação de dar pelo Pai vem antes da ação de vir a Cristo pelo indivíduo. E uma vez que todos daqueles assim dados virão infalivelmente, temos aqui tanto a eleição condicional bem como a graça irresistível, e isto no espaço de nove palavras!
Esse é um exercício da mais pura exegese, ou interpretação do texto bíblico.
Aqui, os arminianos dizem — Bem, o que o Senhor realmente quis dizer é que todos que o Pai viu que creriam em Cristo, virão a Cristo.
Esta é uma declaração sem sentido. Como nós vimos o ato de vir é dependente da ação de dar. Simplesmente, não é, exegeticamente, possível dizer que NÃO podemos determinar a relação entre essas duas ações. O ato de dar de Deus resulta no vir do homem. Ou seja, a salvação é do Senhor.
Mas reparem também que é para o Filho que eles virão. Eles não virão para um sistema religioso. Eles virão a Cristo. Esse é um relacionamento pessoal, uma fé pessoal.
Essa não é apenas uma vinda que acontece uma só vez. Essa é uma vinda continua, uma fé contínua, um olhar contínuo para Cristo como a fonte da vida espiritual.
Os homens a quem o Senhor Jesus estava falando "vieram" a Ele apenas por um tempo > em breve eles O deixariam e não O seguiriam mais.
Mas o verdadeiro crente, o eleito antes da fundação do mundo, está vindo a Cristo sempre, continuamente. Essa é a natureza da fé salvadora.
E Jesus conclui a declaração do v.37 dizendo — o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. — Ou seja, o verdadeiro crente, aquele que "vem" a Cristo, tem essa promessa do Senhor > usando a forma mais forte de negação possível, Jesus afirma a eterna segurança do crente > o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
Jesus promete, portanto, que não há qualquer possibilidade de que alguém que esteja vindo a Ele em verdadeira fé possa encontrá-Lo indisposto para salvá-lo.
Mas essa tremenda promessa é a segunda metade de uma sentença. Essa promessa está baseada na verdade que foi primeiramente proclamada.
Essa promessa é para aqueles que são dados pelo Pai ao Filho e a ninguém mais. Certamente, veremos no v.44 que ninguém senão aqueles que são assim dados, virão a Cristo em fé de uma maneira ou de outra.
Entretanto, existem aqueles que, como muitos daquela audiência em Cafarnaum, estão dispostos a seguir por um tempo, dispostos a crer por um tempo. Essa promessa NÃO é para esses.
A promessa aos eleitos é, portanto, uma promessa preciosa. Visto que Cristo é capaz de salvar perfeitamente, isto é, Ele não depende da vontade ou da cooperação do homem, Sua promessa significa que o eleito jamais pode se perder.
Assim, uma vez que Ele NÃO lançará fora, e que não há poder maior do que o Seu, aquele que vem a Cristo encontrará nEle um Salvador todo-suficiente e perfeito.
Essa é a única base da "segurança eterna" ou da perseverança dos santos > eles olham para um Salvador que é capaz de salvar. E a capacidade de Cristo para salvar significa que o redimido não pode se perder.
Muitas pessoas param no v.37 e perdem a tremenda revelação que somos privilegiados de receber nos versos seguintes. Por que motivo Cristo nunca lançará fora aqueles que vêm a Ele?
Os v.38-39 explicam o v.37 — Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu...
Ou seja, Cristo guarda todos aquele que vem a Ele porque Ele está cumprindo a vontade do Pai. O Messias Salvador sempre faz a vontade do Pai. Há, portanto, perfeita harmonia entre a obra do Pai e a obra do Filho.
E qual é a vontade do Pai para o Filho? Em termos simples, a vontade do Pai é que o Filho salve perfeitamente. — E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.
É fundamental termos em mente que isso dá continuidade a explicação do motivo pelo qual Jesus NÃO lança fora aquele que vem a Ele.
Devemos atentar para isso, porque alguém pode ser tentado a dizer que o Pai confiou todas as coisas nas mãos do Filho, e que essa passagem não está dizendo nada mais que o Filho agirá de forma apropriada com respeito àqueles que o Pai Lhe deu.
Mas o contexto é claro. O v.37 fala do pai "dando" os eleitos ao Filho, e o v.39 continua o mesmo pensamento. Aqueles que são dados, infalivelmente virão ao Filho, e são esses mesmos, os eleitos, que são ressuscitados no último dia.
Ressurreição é obra de Cristo, e nessa passagem, é comparada com o doar da vida eterna. O v.40 diz — a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna...
Ou seja, Cristo dá vida eterna a todos aqueles que são dados a Ele, e que, como resultado, vêm a Ele e crêem Nele.
Devemos perguntar aos Arminianos que promovem a idéia de que uma pessoa verdadeiramente salva pode se perder — Isto não significa que Cristo pode falhar em fazer a vontade do Pai?
Se a vontade do Pai para o Filho é que Ele não perca nenhum daqueles que Lhe foram dados, não se deduz que Cristo é capaz de realizar a vontade do Pai?
E isto não nos força a crer que o Filho é capaz de salvar sem a introdução da vontade do homem como autoridade final no assunto?
Pode alguém, que ensina que o livre-arbítrio do homem é uma parte importante do processo da salvação, e que nenhum homem é salvo a menos que esse homem deseje isso, crer nessas palavras?
Pode alguém que diz que Deus tenta salvar tantos quanto "possível", mas NÃO pode salvar ninguém sem a cooperação do homem, crer no que esse verso ensina?
Não é a vontade do Pai que Cristo tente salvar, mas que Ele salve perfeitamente um povo particular. Ele não perderá nenhum de todos aqueles que o Pai lhe deu.
Como pode ser isso, se a decisão final estiver com o homem, e não com Deus?
É a vontade do Pai que resulta na ressurreição para a vida de qualquer indivíduo. Isso é eleição nos mais fortes termos, e ela é ensinada com clareza nas Escrituras.
O v.39 começa com dizendo — A vontade daquele que me enviou é esta... — e o v.40 faz o mesmo — A vontade do Pai que me enviou é esta...
Mas no v.39, reparem, temos a vontade do Pai para o Filho. Agora, no v.40 temos a vontade do Pai para o eleito — Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
Espantosamente, os arminianos arrancam esse texto do seu contexto, se equivocam com a referência "todo aquele que vê... todo aquele que crê nEle", e dizem — Veja, não há eleição divina aqui! Qualquer um pode fazer isso!
Mas é óbvio que, quando o texto é tomado como um todo, esta não é a intenção da passagem. Quem é aquele que "vê" o Filho e "crê" nEle?
Ambos os termos referem-se a uma ação contínua, da mesma forma como vimos na "vinda de alguém" a Cristo no v. 37.
Jesus ressuscitará no último dia todos aqueles que Lhe foram dados (v.39) e todos aqueles que estão olhando e crendo nEle (v. 40).
Será que devemos crer que existem grupos diferentes? Certamente que não. Jesus ressuscita somente um grupo para a vida eterna.
Mas visto que isso é assim, não se segue que todos aqueles dados a Ele olharão para Ele e crerão nEle? Mais do que certo que sim.
A fé salvadora, então, é exercida por todos aqueles dados ao Filho pelo Pai, uma das razões pelas qual, a Bíblia afirma claramente que a fé salvadora é um dom de Deus, conforme Ef 2.8 — Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus
Na continuação Jo 6:41-45 diz assim — Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu; e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu? Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
Os judeus estavam, portanto, murmurando por causa desse ponto do discurso do Senhor > eles rejeitavam a reivindicação da origem divina de Jesus, assumindo em vez disso que Ele era apenas um simples homem, o filho de José.
Mas Jesus NÃO se desvia de Sua apresentação por causa dos pensamentos e da confusão deles. Jesus os instrui a parar de murmurar (v.43) e, então, explica a incredulidade persistente deles.
“Ninguém pode vir a mim”. Literalmente Jesus diz: "Nenhum homem é capaz de vir a mim". Essas são palavras de incapacidade e elas são colocadas num contexto universal.
Todos os homens compartilham isso em comum > eles são carentes da capacidade de vir a Cristo por si mesmos. A incapacidade compartilhada é decorrente de uma natureza caída compartilhada.
Isto é, o "morto em pecado" (Ef 2:1) é "incapaz de agradar a Deus" (Rm 8:8). Essa é a doutrina Reformada da depravação total, que estudamos na semana passada, a incapacidade do homem ensinada pelo Senhor que conhece os corações de todos os homens.
Se o texto terminasse aqui, não haveria nenhuma esperança, nenhuma boas novas. Mas o texto não pára aqui. E nós veremos a continuação desse estudo na parte 8 seguinte... Amém?!

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